Entrevista exclusiva: a um ano e quatro meses de deixar a prefeitura, Pozzobom fala sobre o futuro político e das promessas de governo

Entrevista exclusiva: a um ano e quatro meses de deixar a prefeitura, Pozzobom fala sobre o futuro político e das promessas de governo

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Jorge Pozzobom (PSDB), recebeu o Diário para uma entrevista no seu gabinete, localizado no 7º andar do Centro Administrativo

A um ano e quatro meses de deixar o governo depois de oito anos à frente de um dos principais municípios do Estado, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), recebeu o Diário para uma entrevista no seu gabinete, localizado no 7º andar do Centro Administrativo.


+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp


O prefeito falou de obras que pretende entregar até o final do mandato, a demora em conceder reajustes aos servidores e o embate com o Sindicato dos Professores Municipais (Sinprosm). Abordou, ainda, o desejo de ver seu vice, Rodrigo Decimo, no PSDB e concorrendo a prefeito. O vice, aliás, participou de uma parte da entrevista e até respondeu sobre questões que estão, especificamente, sob sua tutela. Abaixo, confira a primeira parte da entrevista:


Diário – Em relação a obras, as creches estão encaminhadas, como o Calçadão e a Praça Saldanha Marinho. Já sobre as unidades de saúde, a Estação dos Ventos (km 3) está em andamento, mas a São Carlos (Vila Urlândia) ainda não saiu do papel. O que falta?

Jorge Pozzobom – O Calçadão está praticamente pronto com a conclusão do paisagismo. Mais uma vez explicando à população, porque houve uma crítica muito grande, mas tivemos, por exemplo, que fazer 175 metros de macrodrenagem.


Diário – Mas a crítica, talvez, é pela demora na obra e pelo recurso aplicado...

Pozzobom – Houve falha do governo, porque nós não conseguimos avaliar tecnicamente o tamanho do problema. Depois, a empresa parou e tivemos que fazer uma nova licitação, só daí se fez tudo completo. Assumo essa falha para mim, porque quando me disseram o que tinha que fazer, eu não dimensionei. Esse problema da demora no Calçadão, a culpa foi exclusiva minha.


Diário  – E as unidades de saúde? A São Carlos não saiu ainda do papel.

Pozzobom – Está toda licitada, só está sendo concluído o projeto que tem de nivelar o terreno, é uma espécie de terraplanagem. Eu acredito que em dois meses, no máximo, três meses inicia a obra. Eu tenho algumas prioridades do governo e também pelos projetos prontos. Por exemplo, as creches só falta a do Residencial Lopes (retomada a obra), Maringá já foi entregue, Nova Santa Marta e Monte Bello praticamente prontas, a Medianeira demora um pouquinho mais. As unidades de saúde são prioridades e, claro, com projetos prontos: a Estação dos Ventos está praticamente concluída, tem a Joy Betts, no Perpétuo Socorro, e a unidade do Campestre. Depois, tem a (Francisco) Espineli que vai ser ao lado da creche da Nova Santa Marta.



Diário – Há muitas reclamações sobre buracos nas ruas. Tem previsão de investimento em recuperação das vias até o fim do mandato?

Pozzobom – Sim. Vou dar uma cruzada geral. Começamos nas ruas dos Branquilhos e Camboatãs, na Nova Santa Marta, nenhum buraco, foi feita toda a drenagem. No Pinheiro Machado, Avenida Brasil (trecho 2), e mais a Adi João Forgiarini nenhum buraco, na Wilson Rigão nenhum buraco; Zona Sul, David Ribeiro, não é todo trecho, e Alfredo Saccol nenhum buraco; voltamos para o Bairro São José, Ruas Pedro Figueira, Antonio Gonçalves do Amaral e João Franciscatto, trechos 1 e 2, nenhum buraco, na Chácara das Flores tem a Silvio Romero, Aparício Borges e a Rua da Paz nenhum buraco. Na Oscar Henrique Zappe e mais a Marechal Deodoro nenhum  buraco, a  Gomes Carneiro também. Em Camobi são 18 ruas, mas vou citar algumas que eu tenho de cabeça: Elpídio Menezes, Olmiro Câmara, Lamartine Babo, Liberato Salzano, Rua Floresta, trecho 1 e 2, Rua Cruz e Souza, mais a Travessa 2, nenhum buraco. São obras que são feitas com drenagem, por isso não têm buracos com chuva ou sem chuva. Só debaixo da terra, são R$ 52 milhões do Fundo Pró-Saneamento.


Diário – Mas não me refiro só às da periferia, as ruas do Centro também têm buraco.

Pozzobom – Nós temos um planejamento, um levantamento completo de tudo o que  temos de fazer. Temos ruas da Corsan (recursos) que são R$ 30 milhões: Pinheiro Machado, Antônio Reis e tem várias ruas centrais, por exemplo: a Astrogildo de Azevedo, a Riachuelo, tem uma parte da Andradas com a Floriano Peixoto, eu vou aguardar (chegar) o dinheiro da Corsan. Tem ruas centrais que vamos fresar e nivelar como a Vale Machado. E regra importante (prioridade nas obras):  tinta boa, quebra-molas, drenagem e calçada. Temos projetos prontos, como Aristides Lobo e Duque de Caxias, que tem de esperar um pouquinho mais.  


Diário – Na Cidade Cultura, um dos símbolos, a Casa de Cultura, está fechada há anos. Ela será reformada até o fim do seu mandato?

Pozzobom – Com certeza absoluta, o projeto está pronto (está na fase de elaboração do orçamento). E tem dinheiro garantido. Entrará na fila para lançamento da licitação.


Diário – A obra do centro de eventos, a prefeitura estuda passar para iniciativa privada concluir a 5ª e mais cara fase?

Pozzobom – Eu era vereador e votei contra (a construção), era o único pulmão verde da cidade. Vamos começar a 4ª etapa. Na pandemia, a empresa quebrou e tivemos de rescindir o contrato, depois lançamos a licitação e deu deserta. É o nosso desejo (entregar iniciativa privada), mas precisamos concluir a 4ª etapa. A 5ª etapa são mais de R$ 10 milhões. Rodrigo está tratando com as entidades empresariais. 

Rodrigo Decimo – Concluída a 4ª etapa, o prédio já fica operacional, não fica, logicamente, com as características de um centro de eventos: não vai ter ar-condicionado, mas já pode ser usado, porque a maioria dos itens do PPCI vai estar atendido.


O vice-prefeito Rodrigo Decimo participou de uma parte da entrevista e até respondeu sobre questões que estão, especificamente, sob sua tutelaFoto: Nathália Schneider (Diário)


Diário – As duas edições da Calourada na Gare foram sucesso, exceto o acidente com um aluno (já recuperado). A prefeitura trata com a iniciativa privada para colocar menos recurso público?

Pozzobom – Não conseguimos avançar, mas já diminuímos bastante os recursos (públicos utilizados) e que não são só da prefeitura. Vamos buscar, sim, com a inciativa privada. O acesso será sempre gratuito. Não abrimos mão da Calourada, porque se a gente queria tanto vestibular, receber os jovens e dar acolhimento, é uma regra absoluta.    

 Decimo – É uma equação complexa. Está no nosso radar e temos tratativas para repassar a festa para terceiros explorarem comercialmente. Ela precisa ser sustentável. 

 

Diário – Qual é a situação das finanças? A prefeitura continua no limite prudencial de gastos com pessoal? Não faltou planejamento para adotar medidas e reduzir despesas em 2022, já que o reajuste no piso dos professores (em janeiro) e a reposição dos servidores (em março) em 2023 eram certos, porém, até agora não foram concedidos?

Pozzobom – Desde o primeiro dia que assumimos o governo, pagamos o salário em dia e demos a recomposição inflacionária. No ano passado, demos 21,5% aos professores e mais 18,89% aos servidores, tudo com planejamento. O que aconteceu é que tivemos que contratar vários professores – desde que assumi (em 2017) foram mais de mil professores. Na pandemia contratamos mais profissionais, só na saúde passou de 120. Não temos problema financeiro. As contas estão equilibradas, o que aumentou, sim, são os gastos com salários. Não gosto de falar em gastos, são investimentos. E outro problema é que os inativos foram colocados juntos com a folha dos ativos para o limite prudencial, isso é um absurdo, está quebrando os municípios! Agora querem colocar os terceirizados dentro da folha do limite prudencial. Só com o consórcio, que a gente não tem médico, gastamos R$ 1,5 milhão no mês. Sempre quando inicia o ano, a Finanças deixa o valor do salário e o 13º separados, não se trata de reajuste ou reposição. Na quinta, a Finanças terminou a avaliação e saímos do limite prudencial. Com os dados fechados, vamos tratar do piso do magistério e do reajuste dos servidores e como podemos pagar. Também está no nosso horizonte aumentar o vale alimentação, mas eu não faço nada sem a minha equipe técnica dar a segurança e não decido sozinho, a decisão é colegiada (do Conselho Político).


Diário – O governo está se desgastando com a demora em conceder o reajuste do piso e a reposição dos servidores? Há cobranças das categorias e na Câmara de Vereadores...

Pozzobom – Eu não vejo desgaste. Houve desgaste da educação, nunca foi tratado comigo a operação tartaruga (redução dos períodos de aulas). Soube quatro dias depois. Na reunião com o sindicato (dos Professores), eu disse: dia 31 de agosto fecha as contas (para depois avaliar o percentual). O desgaste  foi com os alunos, porque eles tinham dois anos de pandemia.


Diário – Como consequência, a demora atingiu a comunidade, pais e alunos e aumentou o desgaste do governo.

Pozzobom –  Desgaste para o governo? O governo paga salário em dia, paga vale alimentação, nunca atrasou o salário, nunca parcelou o salário. Governamos não só para os professores, mas para todos os servidores e para mais 300 mil pessoas. Governar não é só dar dinheiro. Há pedido interno de reajuste e que vai ser dado, preciso, primeiro saber quanto e como vou pagar. Teve uma vez que o Valdeci (ex-prefeito) deu 1%. Nós demos 21,5% no ano passado. E parte do Sinprosm tem uma questão política, eu sei disso. Não vou ficar pautado por questões políticas, quando tenho que governar uma cidade inteira. Os professores sabem o compromisso que eu tenho, só com obras (novas creches e reformas e novas escolas), há investimento de quase R$ 50 milhões, além dos uniformes. 


Diário – O senhor enviará projeto à Câmara para subsidiar o transporte público e já há um valor definido?

Pozzobom – Sim. O Brasil todo (municípios) está dando subsídio. Só que acabou o subsídio do governo federal para idosos. Se voltassem os R$ 6 milhões para os idosos, eu não precisaria botar um centavo este ano. O projeto tem de ir à Câmara para não estourar a passagem (o consórcio pediu aumento para R$ 6,15), só que eu dependo do setor de Finanças, não é só (dinheiro) da folha de pagamento, é um conjunto como um todo. Eu não posso inviabilizar o governo, fazer tudo agora este ano, e ano que vem não poder governar.  


Diário – Há um ruído do governo com a base no Legislativo, inclusive o líder do Executivo, Alexandre Vargas (Republicanos), reclamou sobre a falta de informações de uma reunião com o Sinprosm. Falta esse diálogo com a base? 

Pozzobom – Eu gravei e mandei vídeo a todos os servidores e vereadores mostrando que 31 de agosto fechava o quadrimestre. A cobrança é natural. O Alexandre Vargas é servidor, todo mundo está cobrando ele. Quando tivermos as projeções, é óbvio que vamos comunicar à base. Daremos o reajuste e aumentaremos o vale alimentação. 


Diário – À medida que a eleição se aproxima, ruídos têm mais repercussão, afinal a Câmara é uma Casa política. 

Pozzobom – É óbvio que vamos ter problemas de ordem política como teve até agora. O próprio jornal quanto tempo noticiou que só estavam falando em Lula e Bolsonaro, moção disso, moção daquele outro. Eu tenho absoluto respeito pela Câmara – eu já estive lá –, só que governamos para mais de 4 mil servidores e para 300 mil pessoas. Temos de ter um planejamento. O Sinprosm veio aqui e tratou uma coisa comigo. A operação tartaruga não estava no debate, foi colocada e sem avisar. O governo só foi comunicado quatro dias depois e não tivemos condições de fazer um planejamento de merenda, de transporte escolar. Foi a maior irresponsabilidade do sindicato em  botar na placa, “dizendo que os alunos estão sem aula, pergunta para eles” e coloca uma figura minha e do Rodrigo. Nunca fizeram isso, nunca botaram o prefeito e o vice. Claramente é uma questão eleitoral e, isso, para mim, é lamentável! Quer brigar comigo? Vem aqui na frente da prefeitura e me xinga, mas não prejudica meus alunos.


Leia aqui a segunda parte da entrevista exclusiva com o prefeito Jorge Pozzobom.




Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

“Pode falar o que quiser de mim, mas não mentira. Isso eu não tolero”, diz Pozzobom Anterior

“Pode falar o que quiser de mim, mas não mentira. Isso eu não tolero”, diz Pozzobom

Testes de segurança de urnas eletrônicas começam em novembro Próximo

Testes de segurança de urnas eletrônicas começam em novembro

Política